20 de janeiro de 2018

A ARTE NO LIMITE

As pessoas de agora, as pós modernas, que escrevem freneticamente qualquer coisa que lhes vem à cabeça, que se recusam a qualquer tipo de debate [também interior], comunicam ultrajando, como uma espécie de desejo sexual ancestral e desvairado, não querendo saber nada do objecto do desejo [os leitores], querendo apenas rasgar as feridas e servir-lhes o sangue tanto quanto possam.
Querem sobretudo tirar proveito da escrita, ganhar dinheiro, vender produto.
Vejo a nova forma que adquiriram as pessoas que vivem disto [da escrita em blogs] e encolho-me.
É tudo por tudo. É tudo ou nada. É no fundo nada de nada, mas eu percebo.
A conversa mole de um escritor nunca lhe trouxe a fortuna e é bem sabido que a técnica mais agressiva, a de guerrilha, é a que no final vence mais batalhas - e traz mais lucro.
As pessoas já não narram acontecimentos da vida, as pessoas rasgam a vida e deitam tudo cá para fora, como se os outros, os leitores, fossem animais famintos, vorazes, incapazes de perceber o belo, a calma ou a sedução de um texto superlativo (e verdadeiro).
As pessoas expõem-se demasiado e amiúde de forma bárbara.
Erram muito na forma como comunicam através da escrita e fracassam quase sempre todos os relacionamentos que granjeiam dessa forma.
Não entendem que escrever é uma arte.
No limite, a arte no geral, pode ser grosseira e medonha, e ainda assim ser arte, mas a escrita não, a escrita é uma arte cava, é o verbo, é nela que radica toda a compreensão que temos do mundo e dos outros, os nomes, os sinónimos, as explicações.

Expressa-te através da arte, a arte no limite, brutalmente, sofregamente, aí sim, tu, virada do avesso, dando carne a cães famintos, e terás um reconhecimento infinito.
Escreve como se estivesses em guerra, apedrejando inteligências, enganado as emoções, e demorarás muito tempo a ser livre.










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