16 de março de 2015

E depois há umas pessoas que fazem umas coisas...

... debaixo de água, que ultrapassa (e muito) aquilo que eu faço à superfície, com plenos pulmões, agarrada às letras desde os seis anos, e depois por mais dezanove, e sempre a dar-lhe forte e feio, até queimar três ou quatro pares de pestanas, senão mais, e mesmo assim, não conseguir alcançar, que já nem digo igualar, que isso seria ridículo, a perfeição em que mergulham certos artistas.

Mergulhemos pois no belo, caros leitores, e vamos mas é deixar as tretas de lado.
Vamos deixar esta constante imersão punitiva que nos corta a respiração, estas constantes interpretações erróneas que fazemos uns dos outros, o de achar que conhecemos o mar todo só porque mergulhámos lá a mão; vamos deixar de lado as perguntas persecutórias sem sentido, vamos afastar, desimpedir, como se faz com as pernas e com o louro,  as quezílias moralistas.
Não quero estar mergulhada até aos joelhos na minha própria jactância, não quero comprimir contra calças apertadas a ereção que me provocam as coisas simples da vida.
Porque vede, eu gosto das coisas simples da vida, não sou um ser alienado, estrelado, cheio de epifanias inteligentes todos os dias.
Não quero sucumbir a esta arenga enfadonha em que se tornou a vida, este ronceiro entrave à mudança.
Quero ser livre.
Quero ser simples.
Deixem-me mergulhar no azul e retirar o mais morto dos pesos mortos que me puseram nas costas.
A tristeza de ser só a imagem que fazem de mim.
Quero ser eu.
Apenas.





















Créditos da Imagem e ARTISTA aqui!

8 comentários: