29 de dezembro de 2014

Festival da Canção

Ando cá desconfiada que tudo o que é miúda, ou miúdo vá, já passou pela febre do 'Festival da Canção'.
E não é só o andar desconfiada; é que posso jurar, depois de aturadas pesquisas, que isto é efetivamente uma transmissão genética que se dá em certas células familiares. Da mesma forma que se transmite a cor do cabelo, assim se transmite a febre.  
E que febre.
Para que possam acompanhar e certificar as minhas últimas conclusões sobre a febre, lembrem-se lá das figurinhas que faziam em pequenos. Quem de vós não foi já uma Tina Turner em potência? Um Elvis em estado embrionário?
Quantos de vós não tiveram já um público nuclear constituído pelos pais e irmãos, ou tios, ou o que aparecesse lá em casa, que sentados na mesa da cozinha ou no sofá da sala, ao serão, escutavam com aquela cara embevecida de sobrancelhas derrubadinhas, o grande-artista, bailarino, contorcionista (às vezes com uma produção visual muito elaborada, outras vezes só de pijama) que agarrado ao bibelot, à caneta parker, à escova do cabelo ou à caixa de óculos do pai, cantava? furiosamente uma música dos Imagination ou de qualquer artista que a mãe ouvia ao sábado de manhã, num inglês sui géneris, muito apreciado, mas pouco entendível?
Todos não é? Pois... como eu.
Cantava amiúde na cozinha, onde primeiro apresentava a minha própria pessoa como fazem as apresentadoras, e depois entrava de rompante na sala ou em qualquer canto onde houvesse plateia. Toda a minha mini-carreia carreira artística culminou no dia do meu casamento, em cima do balcão do bar, agarrada à liga.
Bom.
Dizia eu que isto se transmitia, não é assim?
Desde que me enfiei numa loja de música, armada em erudita, em cultural, em diferente, em mãe que não atafulha a sua criança em brinquedos deficientes, para comprar o presente de Natal da M.L. gaiata pequena, que já não sei onde me esconder.
Agarrou-se-me a miúda à viola, encarnou numa tal de Violetta, e é o dia inteiro no pior Festival das Canção de que há memória na família cá do burgo.

Ele:
- Eu não te disse que o melhor era teres comprado o Hotel das Pinypon? Pelo menos no hotel as bonecas quando é de noite, dormem...


Mas é tãaaaaaaaoooooo lindinha.
Calhando ainda compro uma para mim, para fazermos um dueto.
Advogados para tratar do divórcio não me faltam....

15 comentários:

  1. Também sofri dessa febre! :)
    Deu-me para achar que seria uma versão feminina de Richard Clayderman. Passava o dia a fazer escalas e a acreditar piamente que a malta lá de casa se enfiava toda na casa de banho, porque a acústica era melhor. E na realidade até é, é o único local da casa em que não se consegue ouvir um único acorde do piano. ;)

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    1. Ahhhhhhhhhh! Fomos colegas de profissão! Tão bom! E tocavas piano? Eu era numa harmónica estridente do meu pai e as cordas vocais a tinir nas horas... ainda hoje sonho ser cantora...

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  2. Vivi na primeira pessoa do singular a cena da escova de cabelo. E sentia-me um rouxinol! Pobre plateia aquela minha.
    E vivi na segunda pessoa do plural a cena do karaoke, na altura com a Floribella, que é para aí tão mau ou tão bom como a Violeta. Depois evoluiu para os Jonas Brothers. Até eu cantava. E ainda adoro algumas "melodias" :)

    https://www.youtube.com/watch?v=CHiIm50fsNI

    Continua a investir nesses sonhos dela, nem que durem só três dias. Nunca se sabe se não sai daí uma artista a sério, daquelas que ganham dinheiro :)

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    1. Jonas Brothers??? Olha, parecem-me todos iguais ao Justin Bieber... hahahahahahaha
      Ela canta muito mal, tadinha, mas é muito bonita.... talvez levá-la a uma agência... hum... nop.

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  3. Não tive essa "pancada" (e a minha filha também parece não ter, pelo menos essa, tem outras).

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  4. No nosso tempo era pior, não havia mais nada!
    Aguenta UVA! ahahahaha

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    1. Por isso é que somos tão inteligentes.... a imaginação ditou as regras.
      Tenho de aguentar.... hahahahahahaha.
      A cacofonia.

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  5. eheheh agora que falas... tens toda a razão.
    Ainda bem que ela não se agarrou a uma bateria... :))

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  6. Tirando a parte da Violeta (felizmente a minha ainda não chegou ai), acho que está tudo bem. É deixá-los dar largas à imaginação. Cá por casa, digamos, largas são as paredes e os móveis, é que macaquita é dada às artes plásticas e a teatros em cima da mesa da sala. Já o outro, gosta da parte musical, guitarra, bateria e órgão, não toca nenhum excepcionalmente bem, aliás, toca todos excepcionalmente mal mas é um gosto ouvi-lo. Vá lá, às vezes, durante pouco tempo mas é!!

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    1. Podes crer! As crianças dão alegria a uma casa. Eu sozinha fazia a banda toda....
      Mas o teu é dotadíssimo. Três instrumentos?? Temos artista!!!!!!!

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  7. o que aqui vai de lembranças. eu, não só cantava em inglês técnico macarrónico, como ainda rodopiava qual Nijinsky, não fazia por menos, até que um dia, na cozinha, um chinelo se me arrancou do pé ao fazer um movimento mais brusco, e por pouco não caía na panela da sopa que estava ao lume destapada à espera dos ingredientes. Acabou ali a minha curta carreira. Uma pena, pois havia ali muito potencial. :))

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  8. Pelo menos já tens festival para a passagem de ano...
    Olha, um excelente 2015 para vocês. Com muita música, e muitas coisas boas, e tudo, tudo, tudo.
    Beijos

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