3 de abril de 2014

Implante nosso de cada dia, nos dai hoje...


Parece-me que hoje em dia tudo se resolve com um implante.
Desde o simples vaso no qual se deixou morrer a planta, até ao cérebro humano, que deixou morrer (ou nunca lhe nasceu) a inteligência ou a aptidão para pensar.
É pois por estes dias, tudo corrido a implantes, um bocado como era antigamente, tudo era corrido a óleo de figado de bacalhau.

A ver:
Queres um dente novo, metes um implante;
Queres um filho novo, metes um implante;
Não queres filhos de todo, metes um implante;
Queres umas mamas novas, metes um implante;
Queres umas nádegas novas, metes um implante;
Queres cabelos novos, metes um impante;
Ouves mal, metes um implante;
Não queres perder o cão, metes-lhe um implante;
Não queres perder o filho, metes-lhe um implante.

E de implante a implante, lá vamos levando a vida.
E por um implante as pessoas estão dispostas a tudo.
Cheguei à brilhante conclusão que não vale a pena gastar rios de dinheiro em vitaminas para o meu pobre cérebro cansado.
Não tarda muito, a unica coisa que vou ter de me lembrar, é de uma password, que me dará acesso à nuvem, onde um backup do meu cérebro estará alojado e a funcionar a todo a bit-vapor.
Num futuro muito próximo, sistemas neuroprostéticos poderão tentar ler os desejos de uma pessoa, realizar uma ação, como uma simples busca na web, e enviar os resultados de volta ao cérebro. Muito possivelmente antes do fim do século, muitos de nós estaremos conectados diretamente à nuvem, da cabeça aos pés.
E o que eu vou poupar em post its e em sermões do chefe, já me dá para ir atualizando o software, e quem sabe se o espaço disponível na nuvem, ou no planeta 'Nervermind' não dá também para lá enfiar a gigante depressão que se assoma por estes lados.
É que preciso mesmo de instalar AGORA um implante pulmonar. Sim, porque com o dia que levo hoje, já me está faltando a respiração...  
Respira, respira, respira....

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